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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O deus da cozinha(ou do fogão) - ele existe!

Vocês sabiam que existe um deus do fogão, ou da cozinha?
Siiiim, é chamado Chou Kuan ou Tchou Kuân.
Descobri indo à China e lendo, entre outras coisas, o maravilhoso livro "A História do Sabor, da editora SENAC SP.

A iconografia religiosa chinesa é bastante variada, são muitos os deuses e os entes divinizados. Um mundo de crenças assente na presunção de que os deuses são acessíveis, mas também falíveis, e que o seu apoio se obtém através de acções meritórias ou de oferendas materiais – ou seja, se os humanos estão sujeitos à vontade dos deuses, porém, os deuses podem, por sua vez, serem induzidos ou convencidos a alterar os seus apoios.

O deus do fogão(ou da cozinha) é uma espécie de patrono dos lares. Sua imagem adorna todas as cozinhas. 
Normalmente, a caverna para a imagem do deus do fogão fica no norte ou no leste da cozinha. Na casa sem caverna para ele, costuma-se colar sua imagem diretamente na parede.Chou Kuan, assim se chama, tem por função relatar ao Soberano Celeste, o Imperador de Jade(Iôk Uóng), e autoridades celestiais o comportamento da família, enumerando as suas boas e más ações, ritual que é cumprido uma vez por ano, por ocasião do novo ano lunar.É um deus que vive na Terra, nos lares das famílias. Um deus vassalo do Senhor do Céu. Antes da partida do deus do fogão para a sua viagem aos Céus, aqueles que, por razões menos meritórias, prefiram que o deus se cale, besuntam-lhe a boca com mel ou outro doce, ou seja, adoçam-lhe a boca; outros, colam-lhe os lábios, impedindo assim qualquer tipo de relato...
Na véspera da partida do deus fdo ogão – 23º dia do 12º mês lunar -, as famílias queimam a imagem do deus do fogão e este começa então a sua viagem, servindo-se da fumaça para chegar aos céus. Sete dias depois, regressa, colocando-se no altar nova imagem de Chou Kuan.

A imagem, em cartão, conforme a fantasia e a imaginação do artista, seu autor, é representada por um velhinho, tendo a seu lado uma velhinha, sua companheira, ambos sentados, no seu respectivo trono, ou por um homem de meia idade e barrigudo, tendo ao seu lado um cavalo, ou ainda por um solerte jovem em atitude de agente fiscal, segurando uma tabuinha numa das mãos, na qual aponta com irritante zelo tudo quanto observa em casa de cada um.
Esta imagem normalmente fica atrás do local onde se cozinha e ao longo do ano toma conta da família e sabe sempre tudo o que se passa.

Muitos relatos sobre a origem desse deus mencionam alguma forma de gula, um glutão que foi condenado a observar os outros saboreando a comida à qual não tinha mais acesso sendo um "deus" e assim sendo, vigia constantemente a gula dos seus protegidos, entre outros "pecados", para relatá-los ao Deus Supremo. Nota-se nisso a ligação íntima da cultura com os ideiais clássicos de frugalidade, moderação e equilíbrio.

Então, minha gente...Cuidado com a gula y otras cositas más... O deus da Cozinha está sempre de olho! ;)
Que ele proteja e abençõe todos os lares trazendo prosperidade com saúde e quilíbrio!
 
Fontes: "A História do Sabor" e Caderno do Oriente.

Espero que tenham gostado.
Beijinhos com gostinho de folclore,
Cozinha da Janita.

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