sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Algumas Expressões Culinárias...
Além de rica em cores e sabores a culinária brasileira também oferece ótimos eufemismos e deliciosas metáforas. Desempenhando uma função social que vai muito além da nutrição, a comida, no Brasil, está relacionada a diversas manifestações da cultura popular, entre elas a linguagem.
Dessa interação nasceram várias expressões famosas e corriqueiras, verdadeiras "pérolas" do colóquio nacional.
Veja aqui algumas expressões e divirta-se:
Eu quero mais é vender meu peixe! (Me promover/ favorecer)
Puxar brasa para minha sardinha. (Me promover/ favorecer)
Farinha pouca meu pirão primeiro! (Primeiro eu/ vou me garantir)
Quando tu ia com o fubá eu já vinha com o angu pronto! (Sou viva, lépida!)
Saco vazio não pára em pé. (De barriga vazia não dá!)
Tá pensando que beiço de jegue é arroz-doce? (Não é moleza não!)
Pão-pão, queijo-queijo. (Elas por elas)
É mamão com açúcar!(fácil)
Fulano tem estômago de avestruz. (Come de um tudo)
Fulano é osso duro de roer. (Fulano é cri-cri)
Fulano é angu de caroço. (Fulano é cri-cri)
Bata-me um abacate! (Me poupe)
Faça-me uma garapa! (Me poupe)
Fulano é carne de pescoço. (Fulano é difícil)
É o cão chupando manga! (Feio que dói!)
O apartamento estava cheirando a alho. (Novinho)
Se Fulano fumava muito? Aff! Comia com farinha! (Exagerava)
De caju em caju. (De vez em quando)
De comer rezando(uma delícia!)
Fulana fala mais do que a nega do leite. (Fala pelos cotovelos!)
Fulano é morta-fome. (Guloso, mesquinho).
Não tô comendo nada. (Não acredito).
Fulana se acha o rainha da cocada preta. (A boa)
Falar abobrinha(besteira, papo furado)
Viajar na maionese(não ter a menor noção do que se está falando ou discutindo)
Comer gato por lebre(ser enganado)
Encher lingüiça(enrolar, protelar)
Pirar na batatinha(enlouquecer)
Vai plantar batatas(não enche!)
Descascar um abacaxi(resolver um problema)
Meter a mão na massa(trabalhar, tomar atitude, mãos à obra!)
Se achou a melhor bolacha do pacote! (envaidecido ao extremo)
A carne é fraca – Essa expressão retirada da bíblia representa a dificuldade de se resistir a certas tentações.
Apressado come cru – Indica afobamento, precipitação. Como o microondas e o fast food são invenções recentes, até certo tempo atrás era preciso esperar um pouco mais para a comida ficar pronta, ou então comê-la crua.
Arroz de festa – Assim são chamadas aquelas pessoas que não perdem uma festa por nada, tendo ou não sido convidadas pra mesma. A origem dessa expressão talvez advenha do costume de se jogar arroz em recém casados. Mas o mais provável é que ela tenha surgido devido a uma antiga tradição portuguesa. Nas festas e comemorações das tradicionais famílias portuguesas nunca faltava uma sobremesa feita com arroz, leite, açúcar e algumas especiarias (arroz doce) e que era conhecida, na época, como "arroz de festa".
Comer o pão que o diabo amassou – Significa passar por uma situação difícil, um sofrimento.
Dar uma banana – É das poucas expressões que são acompanhadas por um gesto. Aliás, neste caso, o mais provável é que o gesto tenha inspirado a expressão, já que ele existe em vários países como Portugal, Espanha, Itália e Brasil. Em todos esses lugares o gesto significa a mesma coisa: um desabafo ou uma ofensa. Já a alusão à banana é exclusividade tupiniquim e fica por conta da criatividade, tão peculiar ao brasileiro.
Farinha do mesmo saco - "Homines sunt ejusdem farinae" esta frase em latim (homens da mesma farinha) é a origem dessa expressão, utilizada para generalizar um comportamento reprovável. Como a farinha boa é posta em sacos diferentes da farinha ruim, faz-se essa comparação para insinuar que os bons andam com os bons enquanto os maus preferem os maus.
Pagar o pato – A expressão deriva de um antigo jogo praticado em Portugal. Amarrava-se um pato a um poste e o jogador (em um cavalo) deveria passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era que pagava pelo animal sacrificado, sendo assim passou-se a empregar a expressão para representar situações onde se paga por algo sem obter um benefício em troca.
Ser de meia tigela – Na época da monarquia portuguesa muitos jovens habitavam os castelos, eles prestavam serviços domésticos à corte e recebiam alimentação e moradia por isso. Entre estes jovens, haviam vários vindos do interior, que pela pouca experiência e origem humilde, eram desprezados pelos veteranos, sendo ironicamente tratados por "fidalgos de meia tigela", já que embora habitassem o palácio não participavam de rituais importantes da corte. Como em alguns desses ritos quebravam-se tigelas, dizia-se que eles eram de meia tigela porque nunca quebrariam a tigela, privilégio reservado aos nobres.
Desejando saber e ler mais sobre o assunto:
- De onde vêm as palavras, Deonísio da Silva (Editora A Girafa, 2004). - Neste livro se encontram milhares de verbetes explicando a origem etimológica de várias palavras e expressões. Mais do que desvendar a origem, Deonísio explica, em alguns casos, a história das palavras e como elas se modificaram desde o seu surgimento.
- Mas será o Benedito?, Mario Prata (Editora Globo, 1996) - Várias histórias criadas pelo autor para explicar a origem de algumas expressões populares faladas por nós estão presentes neste livro. Privilegiando mais o humor que o rigor científico, Mario Prata assume que inventou a maioria dos verbetes sem se preocupar com a verdade histórica. O livro também pode ser encontrado na Internet, no site do autor está disponível uma versão integral do texto, o endereço é: www.marioprataonline.com.br
- A revista Aventuras na História também está sempre recheada de curiosidades sobre a origem das expressões brasileiras e tem curiosidades culinárias maravilhosas.
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Um comentário:
Adorei esse post. Parabéns!
Thays (Cheirinho de Café
www.cheirinhocafe.blogspot.com)
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